Ass: MARINA COELHO
28 de Julho de 2008 13:04
"No Mundo dos Toiros Nunca Se Viu Nada Semelhante"
Rosa Silva (“Azoriana”)
A saudade é um toiro
Publicado: 2008-08-08 12:51:48 Actualizado: 2008-08-08 12:51:48
Por: Luciano Barcelos
Luiz Fagundes Duarte
Rezam as crónicas que era mulherengo: pelo menos gostava de se lançar aos muros mais altos, onde nas touradas costumam florescer as rosadas matronas terceirenses, com elas fazendo das suas. E também que gostava da sua pinga: conta-se que entrava de rompante pelas tascas, de onde nas touradas não desapegam os bravos homens terceirenses, entre eles provocando enormes alvoroços. E tudo isso ele fazia, e mais façanhas, porque era ágil, alegre, de bom corpo, e, segundo ouvi, apetrechado de suas naturezas. Foi o mais famoso da sua geração.
Mas, como dizia Fernando Pessoa, morrem jovens aqueles que os deuses amam. Mesmo que sejam toiros.
Morreu jovem, de morte súbita, antes de sequer fazer metade de tudo aquilo que era suposto ter feito se tivesse morrido no tempo certo: diz-se que, tendo dado para aí umas cinquenta cordas em nove anos de vida, seria de esperar que, se os deuses não fossem egoístas levando-o assim tão menino e moço desta vida descontente, viesse a bater a barreira das cem cordas – o que, pelas minhas contas, equivaleria a levar ao delírio umas cem mil pessoas, bastante mais do que a população toda da Terceira.
Teve direito a retratos nos jornais, em vida, e a sentidas elegias depois de morto.
E no entanto nunca teve a graça de um nome: era conhecido por 64. O que é coisa de espantar numa ilha onde – pelo menos antigamente – todas as vacas e bois tinham nomes – como Brilhanta, Carocho, Galanta, Estrela, Rosada, Formosa, etc., etc. –, se bem que, verdade seja dita, uma das mais finas recordações que guardo da infância tenha a ver com um toiro igualmente famoso e desnomeado: respondia por 90.
Na tourada seguinte à morte do 64, dada pelo seu criador, acho que foi nas Fontinhas, os pastores da corda apresentaram-se todos de braçadeira preta, em sinal de luto.
photo by Paulo Almeida
Esta montagem foi executada pelo jovem Samuel Fagundes.
As imagens referentes ao 64 O "Monstro" das Tapadas,
são todas da autoria de Paulo Almeida do movimento mynameisfairplay.com, da qual não se opõem a esta iniciativa mas deixa um enorme aviso de alerta ao seu Amigo,
cuidado com a alteração, modificação e aplicação nas obras autorais sem o consentimento do autor da obra.
Hoje as regras estão bem mais rígidas e para alem de multas avultadas,
nalguns casos ate da cadeia.
Este blogs esta receptivo a qualquer iniciativa em prol do 64 O "Monstro" das Tapadas.
Esta foto foi tirada no dia 9 Agt. 2006.
O pai do 64, "Monstro das tapadas"
Esta foto foi tirada no dia 11 Set. 2006.
Mal o toiro me avistou o seu sentido de oportunidade fica bem batente na foto com o levantar do rabo e um olhar frontal sem preconceitos. Foi um tal disparar a máquina, mas sempre de olho bem aberto não fosse o animal atirar-se a mim. Arrisquei muito nesta foto talvez demasiado, cheguei-me perto de mais, mas o facto de o referido animal estar debilitado fisicamente e de possuir idade avançada facilitou o meu avanço.
Curiosidade é que esta foto foi tirada no dia 11 de Setembro de 2006, onde seu filho (64) arrancou uma das mais belas tardes da tourada a corda, foi na Penha de Franca - Pico da Urze.
Morte de toiro Terceirense motivo de notícia Internacional
O reconhecimento pela perca do 64, "Monstro das Tapadas", não foi só interna nem tão pouco se expandiu pela via net, (sites e blogs).
Em terras internacionais do "tio Sam" Califórnia ele também foi notícia, no Tribuna Taurina o Sr. José Ávila faz referência num artigo denominado por "Quarto Tércio", onde incluiu o Poema de Rosa Silva ("Azoriana") elaborado após a fatídica perca do animal bravo. Ao responsável pelas referências, do lado de cá todos agradecemos-lhe imenso,photos by Paulo Almeida
2008-08-01
Morreu o toiro “64”, aquele que arrebatou multidões!
A notícia correu pela ilha como um furacão: MORREU O “64”!! Ninguém queria acreditar, uma vez que o boato é mais veloz que o som. Veja-se o boato que, há dois ou três anos atrás, varreu a ilha com alguém que inventou a mentira da morte da “Elisa”!Com o “64”, infelizmente, desta vez não o foi, uma vez que tivemos a confirmação pela voz do seu dono, o popular ganadeiro Humberto Filipe.Apesar da bravura não o incomodar muito, o “64” foi, no entanto, pela sua espectacularidade, um dos mais famosos toiros que pisaram os nossos caminhos nos arraiais taurinos e que ficam no galarim da tauromaquia terceirense, sem nos sair da memória para sempre.Só “ligava” a muros ou varandas com dois ou mais metros de altura, com os seus espectaculares voos, que mais parecia um gato.Sorrateiramente olha a assistência, em especial senhoras, como rapaz solteiro que procura nora para a mãe, mas, logo de seguida, lá vai o salto com uma rapidez impressionante e quantas vezes uma senhora não foi atingida, ficando com o peito babado e tombar de costas para o chão?Gostava de, também, beber as suas cervejas com petiscos e a tasca do Pedro foi a mais “visitada”!!Com todos estes aparatos no empolgar multidões, nas suas fenomenais reacções, já era conhecido pela aficion (e não só) com vários cognomes, como seja “o toiro das mulheres”, “o fenómeno das touradas”, “o monstro dos muros e tapadas”, etc.Nasceu em 1999 e morreu subitamente a 27 do corrente, com apenas nove anos de idade, numa média de vida que se poderia prolongar por mais cinco ou seis anos.Era filho da vaca nº 19 (ainda viva) e do célebre e pujante toiro nº3, este bravo de verdade, falecido há pouco mais de um ano, e que também dava os seus venenosos saltos, mas com menos perfeição que o filho (o pai era mestre na bravura e o filho no salto em altura!)Deu cerca de 50 cordas, calculando-se que talvez rondasse as 100, se vivesse a média de vida de 14 ou 15 anos. Morreu solteiro e sem filhos.Trombose, segundo o médico veterinários – que tudo fez para o salvar -, foi a causa da repentina morte.Não temos memória de morrerem toiros (pelo menos tão subitamente) com esta doença. Ficou assim a festa dos toiros na Terceira mais pobre!
Texto retirado do Diário Insular
José Henrique Pimpão
Nunca será esquecido!